segunda-feira, 4 de abril de 2016

Desastres naturais: a importância da prevenção e da gestão de riscos

É possível evitar os efeitos trágicos de desastres naturais decorrentes das chuvas, mas para isso, são necessários planos de prevenção e de gestão de riscos, além da intensificação da fiscalização. A afirmação pode até parecer óbvia, no entanto, faz muito sentido, quando os brasileiros ainda tentam se recuperar do choque provocado pelos deslizamentos ocorridos na serra fluminense, no mês de janeiro. Até agora, foram registrados cerca de 900 mortos e mais de 400 desaparecidos. 

Os efeitos das mudanças climáticas foram apresentadas pelo físico José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio, como um fator relevante a ser considerado, no contexto dos incidentes decorrentes das chuvas. 


“O clima é variável. A Ciência nos diz que a atmosfera está esquentando. Ela é composta por 78,10% de nitrogênio e um pouco mais de 20% de oxigênio, mas a questão está nos 1% restantes. A vida seria impossível na Terra, se não houvesse o colchão formado por esses gases em pequena porcentagem, como o CO2 (0,04%), produzido principalmente pelo combustível fóssil. No entanto, ele deixa a luz entrar, mas não a deixa sair, pois não é um bom condutor térmico”, diz. 

Para Goldemberg, no caso específico de São Paulo, a explicação para o aumento dos eventos climáticos, está na formação das nuvens sobre os oceanos, que chegam ao planalto e acarretam as chuvas. “Como a temperatura do mar está aumentando, existe maior quantidade de vapor. São Paulo ao ser uma selva de pedra, com asfaltamento excessivo, apresenta maior temperatura. Em condições normais, as nuvens passariam e não haveria a intensidade das precipitações”. 

DO PONTO DE VISTA GEOLÓGICO 
Em qualquer circunstância, o primordial é a realização do diagnóstico, como explica o geólogo Álvaro Rodrigues do Santos. “O que observamos é que praticamente todos os programas brasileiros contra enchentes no país têm partido de diagnósticos primários simplistas, no campo hidráulico, que não conseguem perceber as causas fundamentais das origens dos incidentes”. 

Ele defende a gestão compartilhada, como na região metropolitana de São Paulo, que compreende 39 municípios distribuídos em 8.051 km2 localizados na bacia hidrográfica do Alto Tietê, onde vivem cerca de 20 milhões de habitantes e são produzidos 8 milhões de m3 de sedimentos. “A mancha urbana começou a crescer a partir da década de 50. No caso da região central da cidade de São Paulo, ela está sobre uma bacia sedimentar terciária, que é ótima para construção, com relevo suave. Já na região periférica, como na Serra da Cantareira, há os terrenos cristalinos, mais acidentados e solos frágeis do ponto de vista de erosão”, diz. 

Texto retirado do site Planeta Sustentável.

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