quarta-feira, 3 de maio de 2017

Lançada Tese de Doutoramento sobre RRD

No mês de abril o pesquisador da Fiocruz-RJ Sergio Luiz Dias Portella, Mestre em Administração Pública e Doutorando do Programa de Doutoramento "Território, Riscos e Políticas Públicas" da Universidade de Coimbra concluiu sua Tese de Doutoramento que tem em perspectiva a gestão da redução de risco de desastres. Integrante do Grupo de Pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas de Desastres em Saúde (CEPEDES/FIOCRUZ), o autor apresenta-nos o trabalho "O saber urgente do saber das urgências: redução de risco de desastres no Brasil".

Derivada do envolvimento do autor e da sua instituição de origem com a Redução de Risco e Desastres (RRD), no qual o tema é um desafio institucional em função dos acordos internacionais assinados pelo Brasil na ONU, e também em função de inúmeros desastres que ocorrem no país, em especial os acontecidos entre os anos de 2009 e 2011, as reflexões que originaram a Tese têm como ponto de partida os fatos da noite de 11 de janeiro de 2011, e madrugada do dia 12, na qual chuvas fortes atingiram uma área de 350 km2 na região serrana do Estado do Rio de Janeiro (Brasil).

Atingindo as cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e arredores, as chuvas promoveram o transbordamento de todos os rios da região; mais 750 deslizamentos de terra nas encostas serranas; comprometimento de toda a infraestrutura de serviços públicos e de mobilização urbana e intermunicipal; colapso de comunicações por 24 horas; queda de energia em vários pontos dessas cidades entre 24 e 48 horas; corte do fornecimento de água e saneamento quase em sua totalidade na cidade de Nova Friburgo: aproximadamente 23 mil desalojados, 9 mil desabrigados e mil mortos.

A noção de que existe uma união entre o desenvolvimento econômico e a produção de conhecimento que gera o que Michel Callon (2001) chamou de dupla delegação, onde a gestão se apoia nos peritos e cientistas e estes se apoiam na gestão serviu de base para a reflexão de Sergio Portella. Esses dois sistemas, segundo o autor, se tocam através de dispositivos que são patrocinados pelas corporações globalizadas e intermediadas pelos governos locais, numa posição dúbia e dupla destes últimos, de globalização, por um lado e territorialização por outro.

Essa tese procura, assim, compreender, a partir do estudo do desastre nas cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, os diversos aspectos da relação entre conhecimento, gestão e comunidade que condicionam e tornam possível a construção de uma estratégia para o desenvolvimento de um dispositivo de RRD no Brasil, conectado às plataformas regionais e internacionais de desastres, com destaque para resistências locais a esse desenvolvimento.

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